Quatro Almas



 Quatro Almas

 

No dia em que ela adormeceu,

O marido começou a chorar...

A mortalha dela, ele ergueu,

Para um beijo na pálida face, depositar.

 

A mulher que a seu lado envelheceu,

Em vida ele a viu se deteriorar...

Três filhas ela lhe deu,

Antes de a vida, a morte lhe ceifar.

 

O amor eterno que a ela, prometeu,

Fazia a alma triturar...

Das três filhas, uma morreu,

E outras duas, se jogaram no mar.

 

Na noite escura como o breu,

No mausoléu da família, um altar...

A vida a morte lhe corroeu,

Quatro almas para se recordar.

 

Uma ideia lhe ocorreu,

Trancou-se na tumba, e pôs-se a chorar...

Queria o amor que se perdeu,

Para longe o fez a chave arremessar

 

A chave se perdeu,

Após dia a dia se definhar...

Ao inferno ele desceu,

Penalizado pela própria vida, tirar.

 

Quatro almas no breu.

Uma alma a lamentar...

A filha que morreu,

Do céu ouvia quatro almas gritar.


Hermes Marcondes Lourenço

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